
Jovens egressos de oficina de comunicação dão continuidade ao trabalho de anunciar a defesa da terra
Após finalizarem curso de comunicação popular promovido pela CPT Maranhão e com apoio de Salve a Floresta, jovens de comunidades tradicionais da Amazônia e Cerrado seguem comunicando a defesa da terra durante congresso realizado em julho

A Comissão Pastoral da Terra no Maranhão (CPT-MA) e Salve a Floresta são parceiros há quase cinco anos. Durante esse período, Salve a Floresta viabilizou diferentes projetos da entidade, que apoia a luta por terra, território e autonomia de povos e comunidades tradicionais no Maranhão, na zona de transição entre o Cerrado e a Amazônia, no nordeste do Brasil.
Uma das iniciativas financiadas por Salve a Floresta foi o projeto “Ecoar: comunicação popular no enfrentamento às violações de direito de povos e comunidades tradicionais no Maranhão”. Realizado majoritariamente com jovens e mulheres de comunidades atravessadas por conflitos agrários, grilagem, desmatamento, especulação imobiliária e expulsões cometidos por fazendeiros, empresas do agronegócio e governos, o projeto ofereceu oficinas de comunicação popular como mecanismo de luta por direitos.
Ao longo de quase 12 meses, entre 2024 e 2025, foram realizadas aulas de comunicação e proteção digital, uso de mídias sociais comunitárias, produção audiovisual, linguagem textual; oficinas de construção de pautas políticas nos territórios e aulas sobre avaliação e planejamento de estratégias de comunicação. Cerca de 50 pessoas participaram diretamente das atividades, e outras 300 de forma indireta.
Perguntamos à CPT Maranhão o que a parceria com Salve a Floresta representou para as juventudes dos territórios participantes do projeto. A entidade nos disse que, ao dar visibilidade às lutas territoriais, tirando esses territórios do isolamento e denunciando desmatamentos, incêndios criminosos, pulverização de agrotóxicos e outras violências, criam-se dificuldades para o estado brasileiro e grandes empresas de capital privado continuarem violando direitos. Assim, diz a CPT Maranhão, “evitam-se catástrofes anunciadas, como o trabalho análogo à escravidão, migração forçada e tantas outras mazelas vividas pelo povo das terras e das águas”.

A parceria com a Salve a Floresta, continuou a CPT, “fortaleceu a capacidade dos jovens de se expressarem, defenderem seus direitos e promoverem a conscientização sobre questões ambientais. A parceria proporcionou aos jovens a oportunidade de aprenderem com profissionais experientes e de se conectarem com outras comunidades e organizações. As conquistas alcançadas são um testemunho do poder da comunicação para transformar realidades e construir um futuro mais justo e sustentável”.
Recentemente, a Salve a Floresta recebeu uma carta escrita de forma espontânea pelos jovens egressos da oficina de comunicação, e que tinham acabado de participar, como comunicadores populares, do Congresso de 50 anos da CPT, realizada em fins de julho no Maranhão.
A seguir, divulgamos, com admiração e orgulho desta parceria, a carta que nos enviaram.
Presença, Resistência e Profecia
Romper cercas e tecer teias: a Terra a Deus pertence!
Nós somos as/os jovens que um dia participamos do Projeto Ecoar, apoiado pela ong Salve a Floresta, onde aprendemos que a comunicação popular é arma para enfrentar as violências contra nossos direitos e nossos povos. Vivemos agora mais uma experiência que marcou nossas vidas.
No “V Congresso Nacional da CPT – 50 anos de luta e esperança”, tivemos a honra de somar com a equipe estadual e nacional de comunicação da CPT. Foi lindo demais! A gente se sentiu parte de tudo aquilo que estava sendo construído com tanto amor, coragem e fé. A gente se sentiu agente de comunicação da CPT de verdade!
Estivemos por todo canto: ajudando nas coberturas, nos bastidores, nas fotos, nos vídeos e, com muita alegria, também na Rádio Poste Leandro Santos, a rádio do congresso, que levava informação e emoção até o último cantinho do evento. Falar por essa rádio foi uma das formas mais bonitas de fazer nossas vozes ecoarem. E ecoou longe!
Fomos acolhidos com carinho, respeito e confiança. Por isso, deixamos aqui nossa gratidão profunda à CPT, à equipe de comunicação e a todes que caminham com a gente.
Agora seguimos firmes, com o peito cheio de energia, rumo à Teia dos Povos Tradicionais do Maranhão. Mais uma vez, vamos fazer ecoar as Vozes da Terra, porque a juventude camponesa, quilombola e de luta tá viva, tá forte, tá presente!
Voltamos para as nossas comunidades com lembranças bonitas, esperança acesa e a certeza de que a luta continua. Porque comunicar também é resistir. E nós, acompanhados pela CPT e pela Salve a Floresta, vamos seguir juntos, fazendo brotar vida onde tentam plantar morte.
Ecoar, resistir, sonhar e lutar até que todas as vozes sejam ouvidas.