Povos e comunidades tradicionais defenden as florestas e a autonomia alimentar
A Teia dos Povos da Bahia é uma grande articulação entre os povos negros e indígenas de diferentes lugares do Brasil. Periodicamente, centenas de representantes desses povos e comunidades se reúnem para compartilhar e colocar em prática saberes ancestrais sobre agrofloresta, autonomia alimentar, uso de sementes crioulas e defesa da terra e território.
Visão geral do projeto
Tema do projetoHabitats / Pessoas
Objetivo do projeto Defesa das florestas e da autonomia alimentar
Atividades Encontros, trabalho educacional e defesa dos direitos humanos e dos territorios
A Teia dos Povos da Bahia é uma grande articulação entre os povos negros e indígenas de diferentes lugares do Brasil. Fazem parte da articulação também comunidades tradicionais, territórios ancestrais, movimentos e grupos rurais e urbanos, comunidades periféricas, sem-teto, assentados e assentadas, pequenas e pequenos agricultores, além de organizações, associações e movimentos sociais do campo e da cidade.
Esta grande aliança negra e indígena começou em 2012, na I Jornada de Agroecologia da Bahia, no Assentamento Terra Vista, no município de Arataca, sul da Bahia. Organizada a partir das lutas de base por terra e território, autonomia alimentar e pedagógica, desatrelada da política eleitoral e das instituições do Estado, a Teia dos Povos da Bahia se organiza sobre três princípios:
1. A terra e o alimento são princípios de vida, e são construídos coletiva e solidariamente
2. O trabalho e o estudo devem conduzir à liberdade, à capacidade de construir uma economia solidária, com respeito às culturas e formas de vida dos povos e comunidades tradicionais
3. A ancestralidade dos povos deve ser reafirmada, e é base da construção de um novo tempo
Como a Teia defende a terra e o território
A Bahia é o quinto maior estado do Brasil e um dos mais biodiversos, abarcando os ecossistemas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Toda esta diversidade tem sido devastada por grandes empreendimentos do agronegócio - como o monocultivo de soja e dendê -, além da pecuária e mineração.
Em meio a um cenário cada vez mais violento de expropriação, grilagem e destruição de terras ancestrais por agentes do agronegócio e governos, os povos e comunidades que compõem a Teia dos Povos da Bahia realizam, de forma periódica, encontros de formação e troca de saberes e práticas agroflorestais com o intuito de defender os territórios e recuperar florestas devastadas pelo agronegócio e pecuária.
Nestes encontros, que já chegaram a reunir quatro mil pessoas, os membros da Teia trocam sementes crioulas, socializam experiências de defesa dos territórios e práticas que garantam sua autonomia alimentar, fomentam estratégias pedagógicas ancoradas na ancestralidade dos povos e realizam, no dia a dia dos encontros, a construção de agroflorestas, plantios de árvores, construção de cisternas para captação da água da chuva, organização de rede para troca de sementes crioulas, entre outras práticas voltadas à profunda relação entre os povos e a terra e os demais seres vivos que a habitam.
Os encontros de formação culminam, em sua maioria, com mutirões chamados de "Trechos Agroecológicos Solidários", nos quais, através do trabalho coletivo, as pessoas que participam da formação reflorestam e plantam em locais degradados ambientalmente - em geral, estes locais estão no próprio território onde o encontro está sendo realizado. Entre 2014 e 2019 foram realizados 50 trechos solidários pela Teia, com mais de 15.000 árvores plantadas em solos degradados e nas matas ciliares de rios e nascentes. Os resultados do cultivo de alimentos propiciou mais de 5 hectares de hortas orgânicas nos territórios, e 25 hectares de bancos de sementes comunitários, constituindo os outros 30 hectares de alimentos plantados nos Trechos.
Os encontros da Teia dos Povos duram dias, e após estas reuniões, cada povo e representantes de comunidades retornam aos seus territórios com o compromisso de criar e viver a liberdade a partir da terra, do plantio, da autonomia alimentar, das práticas pedagógicas ancestrais e solidárias.
Apoio à Teia
Em 2023, a Salve a Floresta tornou-se parceira da Teia dos Povos da Bahia ao apoiar o projeto "Levantando Florestas em Defesa dos Territórios", que prevê a formação agroecológica de pelo menos 50 lideranças de base dos povos e territórios que compõem a Teia, e a implantação de sistemas agroflorestais. A etapa de formação prevê a realização de debates, estudos, oficinas, atividades culturais e práticas agroecológicas no território. Na segunda etapa serão realizadas oficinas específicas sobre reflorestamento, fruticultura, produção para autoconsumo, criação de rede de sementes crioulas, sistemas agroflorestais, produção de biofertilizantes, práticas de adubação verde e produção de mudas.
Doação na área “Proteger a Floresta”
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