Brasil: Jovens criam ferramentas de comunicação para proteger territórios na Amazônia e Cerrado
18 de mar. de 2025
Cerca de 50 jovens e mulheres de povos e comunidades tradicionais do Maranhão participaram de oficina sobre comunicação social comunitária, onde desenvolveram ferramentas de comunicação baseadas em vídeos, fotografias, textos e desenhos para denunciar violações do agronegócio exportador
Entre os dias 7 e 10 de fevereiro, jovens e mulheres de povos e comunidades tradicionais do Maranhão participaram da 5ª edição de uma oficina sobre comunicação social comunitária, onde desenvolveram ferramentas de comunicação baseadas em vídeos, fotografias, textos e desenhos para dar a conhecer suas realidades nos territórios e também denunciar as violações de seus direitos cometidas por fazendeiros e gestores públicos.
A oficina foi desenvolvida pelos próprios participantes e também por nossas parceiras da Comissão Pastoral da Terra no Maranhão (CPT), que acompanham e apoiam comunidades impactadas por conflitos fundiários, desmatamentos, grilagem de terras, incêndios criminosos, uso de agrotóxicos como arma química e outras violações. Todos esses crimes e violências são praticados por fazendeiros - muitas vezes com apoio de gestores públicos -, envolvidos com o agronegócio exportador de grãos e gado.
No Brasil, o Maranhão é um dos estados com os maiores índices de violência no campo, segundo relatórios feitos anualmente pela própria CPT. Isso se dá pelo avanço do monocultivo de soja, milho e outros grãos, além da mineração e outras commodities exportadas para a China e países da Europa.
O público das oficinas é de cerca de 50 pessoas, entre jovens e mulheres, e o objetivo das atividades é promover a formação em comunicação popular para o enfrentamento das violações que emergem dos conflitos agrários. As cinco oficinas aconteceram em territórios na zona rural de cinco municípios, todos eles na expansão da fronteira agrícola na zona de transição entre a Amazônia e o Cerrado maranhense: Timbiras, Parnarama, São João do Sóter, Matões e Codó. Ao todo, cerca de mil famílias de povos tradicionais vivem nas regiões atendidas pelas oficinas.
A CPT já realiza acompanhamento desses territórios e avalia que deve continuar contribuindo em processos de fortalecimento da resistência por meio da organização interna, da construção de uma autoimagem positiva, informes e conhecimentos sobre os modos de vida locais e direitos específicos dos povos.