Vida para o rio Xingu no Amazonas
A única maneira que os povos e comunidades tradicionais têm de proteger o rio Xingu, um dos maiores afluentes do rio Amazonas, é permanecendo em terras ancestrais às suas margens e no entorno dele, e manter suas tradições de relação respeitosa com ele e as florestas, animais e os espíritos que habitam esses lugares.
Visão geral do projeto
Tema do projetoHabitats
Objetivo do projeto Permanência dos povos e comunidades tradicionais no território ancestral
Atividades Educação popular; Formação de Núcleos Guardiões
O rio Xingu é um dos maiores e mais importantes afluentes do rio Amazonas. Ao longo de mais de 2.700 quilômetros, desde a nascente no Mato Grosso até sua foz, no estado do Pará, o Xingu banha e nutre um sem fim de terras nos biomas Amazônia e Cerrado, e garante a vida de centenas de povos e comunidades tradicionais, especialmente indígenas e ribeirinhos.
Às suas margens, estas pessoas ajudam a garantir que o Xingu, além de lhes dar a vida, mantenha-se vivo também, resistindo aos impactos e ameaças do agronegócio e da mineração, que cobiçam e exploram a riqueza do seu solo e a força das suas águas.
A única maneira que os povos têm de proteger o rio Xingu é permanecendo em terras ancestrais às suas margens e no entorno dele, mantendo suas tradições de relação interdependente com as águas do rio e tudo mais à sua volta, como as florestas, os animais e os espíritos que habitam esses lugares.
Para organizar a luta de resistência contra um projeto de barramento do rio criado ainda na época da ditadura militar, em 2008 centenas de indígenas, pescadores, ribeirinhos e outras comunidades tradicionais, apoiados por organizações locais, nacionais e internacionais, criaram o Movimento Xingu Vivo Para Sempre (MXVPS).
Ao trabalho de organização, educação popular e formação política das comunidades do Médio Xingu, somaram-se ações de denúncia de violações feitas a órgãos nacionais e internacionais; ações de incidência política e institucional junto a órgãos de fiscalização e titulação e demarcação das terras tradicionais; campanhas públicas, articulação entre movimentos; fomento a projetos produtivos, emancipatórios e de soberania alimentar nos territórios; acompanhamento jurídico e proteção de lideranças comunitárias ameaçadas de morte.
Naquela época, o objetivo principal do Movimento Xingu Vivo era tentar impedir a instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O projeto, gestado durante a ditadura civil-militar que imperou no Brasil entre 1964 e 1985, foi implementado ao longo de dois governos federais supostamente populares e à esquerda, entre 2011 e 2016 (Lula da Silva e Dilma Rousseff).
As consequências do empreendimento neste território de floresta amazônica são gravíssimas: na região estão os maiores índices de desmatamento do país; há grilagem e disputa de terras com grandes fazendeiros e políticos locais; avanço do garimpo ilegal; ameaças a lideranças comunitárias e, principalmente, a disputa pela água da Volta Grande do rio Xingu, que chega a ter 80% do seu fluxo desviado pera as turbinas de Belo Monte, inviabilizando a reprodução de peixes e, consequentemente, a atividade pesqueira e a segurança alimentar da população beiradeira, dificultando a navegação e prejudicando a agricultura local.
Mineração de ouro
Soma-se a isso o projeto da mineradora canadense Belo Sun, que pretende instalar na Volta Grande do rio Xingu a maior mina de ouro a céu aberto do país, com profundos impactos sobre as comunidades locais e as aldeias indígenas Juruna e Arara da Volta Grande.
Hoje, para além do acompanhamento dos territórios já impactados por Belo Monte e das demandas por reparação, o Movimento Xingu Vivo também empreende ações para impedir novas violações do projeto Belo Sun.
O trabalho territorial do movimento se estrutura a partir dos chamados Núcleos Guardiões do Xingu, formados em comunidades estratégicas ao longo do território. O objetivo dos Núcleos é organizar a resistência mais ampla às grandes ameaças à região.
A Salve a Floresta é parceira do Movimento Xingu Vivo, viabilizando a realização de encontros dos Núcleos de Guardiões, oficinas de formação sobre defesa territorial, ações de incidência política, jurídica, entre outras atividades cujo fim é a permanência dos povos e comunidades tradicionais no território ancestral ao longo do rio Xingu.
Se quiser dar suporte ao Movimento Xingu Vivo, acesse "doações" na área Proteger a Floresta.