Será que a ONU é capaz de deter a extinção das espécies?
4 de dez. de 2022
Como nós, humanos, deteremos a extinção em massa de outras espécies? Esse é o tema a ser tratado pela Conferência Mundial da Biodiversidade de 7 a 19-12-22 em Montreal, no Canadá. A dimensão da crise é alarmante, pois até 1 milhão de espécies está na iminência de desaparecer. “Salve a Selva” está acompanhando a Conferência em Montreal, e em conversas com a Secretária Executiva da Convenção, Mrema.
“A questão por trás da extinção das espécies vai muito além dos ícones do mundo animal, como o orangotango e o urso polar. A questão é que a rede da vida vem apresentando cada vez mais lacunas, até o momento em que ela se rompa e provoque o colapso de ecossistemas inteiros”, diz Marianne Klute, Presidente da “Salve a Floresta”, no âmbito dos preparativos para a conferência.
“Vemos o perigo de forma inequívoca nas florestas tropicais e de turfa, que são o ponto central da biodiversidade e ademais, exercem um papel decisivo no sistema climático. Daí porque a proteção das espécies, da floresta tropical e do clima tem de ser tratadas em conjunto, não podendo ser separadas. Se falharmos na garantia dessa tripla proteção, destruiremos a fonte da nossa subsistência, porquanto é a natureza que nos provê de alimentação, água e ar puro. É ela quem nos proporciona medicamentos e materiais de construção. Florestas são refúgios espirituais e abrigo para bilhões de pessoas. Daí porque essa Conferência da ONU tem de ser bem sucedida em seu objetivo.”
Para a COP 15 estão chegando delegações governamentais de quase 200 estados em Montreal – cerca de 50 países estão mandando ministros(as). A Alemanha será representada pela Ministra do Meio-Ambiente, Steffi Lemke. No total, 10 mil pessoas participarão da conferência.
No centro da conferência está a futura Convenção-Quadro para proteção da natureza e das espécies cujo nome é ”Quadro Global da Biodiversidade pós-2020“. Tem causado críticas contundentes o plano da ONU de colocar sob proteção, até o ano de 2030, ao todo, 30% do planeta Terra. Organizações de defesa dos direitos humanos e ambientalistas estão alarmados. O plano “30 by 30” tem potencial para tornar-se o maior roubo de terras da história, o qual, ademais, contribui pouco para a proteção da biodiversidade.
“Salve a Floresta” e mais uma dúzia de organizações africanas e asiáticas estão reivindicando da ONU, do chanceler alemão Olaf Scholz e de todos os outros países-membros da ONU, em uma petição que o foco, em vez de dirigido ao plano “30 by 30“, deve ser fixado na garantia de realização dos direitos dos povos indígenas. Isso porque, nos lugares em que os povos indígenas são responsáveis por seus territórios, a natureza está em melhor estado do que em qualquer outro lugar.
“Colocar 30% da Terra sob proteção parece sedutoramente simples, mas é extremamente perigoso. Por trás disso está a teoria de que a natureza somente pode ser protegida quando seres humanos são mantidos longe dela. Em outras palavras, na prática: quando se desloca dessas áreas a população local”, explica Marianne Klute.
Mais de 60 mil assinaturas serão entregues no dia 8 de dezembro, em Montreal (quinta-feira) para a Secretária Executiva Convenção da Biodiversidade e Protetora-Chefe das Espécies da ONU, Elizabeth Maruma Mrema.