O mundo perdeu 11,1 milhões de hectares de mata tropical
9 de mai. de 2022
Quanto de mata tropical foi derrubado em 2021? Segundo a Universidade de Maryland, o mundo perdeu 11,1 milhões de hectares de floresta tropical. Extremamente preocupante está a situação no Brasil e na República Democrática do Congo. As causas mais relevantes são derrubadas para extração de madeira, expansão da agricultura, bem como incêndios, no mais das vezes, provocados.
“Perda de florestas permanece em 2021 renitentemente alta. “Esse é o título dado pelas duas cientistas ao seu relatório. Assim, embora a dimensão da destruição em razão do fogo tenha oscilado, as áreas destruídas em virtude de outras causas permaneceram, no entanto, constante. Em 2021, 0,62 milhões de hectares de florestas perderam-se em decorrência de fogo, que, nas florestas tropicais, no mais das vezes, são provocados por gente. Outros 3.13 milhões de hectares foram destruídos por conta de outras causas como derrubadas para extração de madeira, expansão de monoculturas, lavouras e pasto.
A perda de matas primárias é extremamente preocupante. Em 2021, foram perdidas áreas correspondentes a dez campos de futebol por minuto. Ao todo, foram 3,75 milhões de hectares de florestas que exerciam papel decisivo para o armazenamento de moléculas de carbono e para a biodiversidade.
Em decorrência dessa perda, serão liberados 2,5 Gt de dióxido de carbono na atmosfera, o que corresponde às emissões anuais da Índia. É essa a conclusão que a Global Forest Watch tirou do estudo da universidade, após examinar o estudo.
Sozinho, o Brasil perdeu 1.548.657 hectares de floresta. Isso corresponde a 40% das perdas mundiais. Na segunda posição, está a República Democrática do Congo (DRC), com 499.059 hectares. Em terceiro lugar, está a Bolívia, com 291.379 hectares. Na Ásia, o país mais afetado é a Indonésia, que - com perdas no montante de 202.905 hectares de mata - está ocupando a posição 4 no ranking de desmatamento.
Só em 2021, o Brasil e o Congo perderam, cada um, 0,5% de sua cobertura florestal; na Indonésia, essa taxa foi de 0,2%. A maior taxa de aceleração na perda de matas, quem exibe é o Camboja (-1,5%), seguido do Laos (-1%) e da Bolívia (-0,7%).
De acordo com esses dados, a perda florestal na Indonésia - um dos centros globais da destruição ambiental - retrocedeu à marca de 5 anos atrás. As especialistas, no entanto, advertem que essa tendência pode virar. Como catalizador do desmatamento, elas mencionam a pandemia de Covid-19 e o preço do óleo de palma.
No Brasil - em especial na parte ocidental - surgiram novos hotspots com mais de 25% de perda de florestas primárias por conta de causas outras que fogo. Neste caso, a causa está, sobretudo, nas pastagens bovinas que surgem às margens das rodovias que cortam a floresta. Na Bolívia, as florestas tropicais estão ameaçadas como quase em nenhum outro país. Lá, a causa principal do desmatamento é a expansão do plantio de soja e a abertura de novas áreas para pastagem bovina. As cientistas advertem que, em breve, a floresta amazônica poderia atingir um ponto de não-retorno relativamente ao sistema climático global, caso em que ela se degeneraria, transformando-se em uma savana, a qual seria bem mais pobre para abrigar espécies.
Na África, a RDC é o país com a perda florestal mais intensa. Lá, além das derrubadas para extração de madeira, a agricultura familiar e a queimada para fins de produção de lenha e carvão vegetal contribuem mais para as perdas florestais do que em outros lugares. Evoluções positivas, as autoras viram no Gabão e na República do Congo.
A análise é vastamente limitada às florestas tropicais. Não obstante, é preocupante o desenvolvimento do desmatamento nas florestas boreais, em especial, na Rússia. Em 2021, foram perdidos 8,55 milhões de hectares nas latitudes nórdicas. Os efeitos dessa devastação na perda da biodiversidade podem ser menores lá do que nos trópicos; no entanto, as consequências para a crise climática são igualmente catastróficas.
A ONU também divulgou Relatório sobre perdas florestais
Também a FAO (Food and Agriculture Organisation of the United Nations) apresentou um Relatório sobre perdas florestais, o qual, contudo, refere-se ao intervalo temporal entre os anos de 2000 e 2018.
De acordo com esse Relatório, a perda de 157 milhões de hectares de florestas tropicais responde por mais de 90% do desmatamento global. Isso corresponde, mais ou menos, ao tamanho da Europa Ocidental.
“ Um desenvolvimento da agricultura de forma não sustentável e outros usos das áreas continuam exercendo enorme pressão sobre nossas florestas, em especial, em muitas das nações mais pobres.”, disse a Diretora-Suplente da FAO, Maria Helena Semedo em um comunicado à imprensa.
Segundo a FAO, a expansão das áreas de cultivo agrícola, incluindo as monoculturas de palmas de óleo, entre os anos de 2000 e 2018, foram responsáveis por 49,6 % do desmatamento, seguido pela expansão de áreas de pastagens bovinas, com 38,5%.